sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O materialismo histórico e a Análise do Discurso

O materialismo histórico vem explicar o funcionamento da língua através da relação que esta estabelece com aspectos extralingüísticos, isto é, aspectos de ordem social e histórica. Daí o pressuposto central da Análise do Discurso: a investigação sobre o funcionamento da articulação entre língua, sujeito e história. Tem-se que a linguagem é uma materialidade em que o falante se inscreve e, através desta inscrição, constitui-se como sujeito na História.
A perspectiva histórica desta vertente de estudos lingüísticos influenciou na elaboração de conceitos que permitem “mapear” a produção do discurso bem como o processo de construção dos sentidos dentro dele. O conceito de formação discursiva faz alusão ao conjunto de dizeres que podem e devem ser proferidos em determinado tempo histórico, o que significa que a produção discursiva não é independente ou aleatória, uma vez que está associada a condições históricas que lhe determinam. Também podemos citar, a título de exemplo, conceitos como o de interdiscurso, que representa o eixo do já-dito, resgatando outros discursos já produzidos, em outro lugar, independentemente, por uma “voz sem nome”, que são reformulados no eixo do intradiscurso; a memória discursiva, responsável pelo resgate do pré-construído que constitui o interdiscurso, e também os conseqüentes esquecimentos, herança de Michel Foucault, que causam no falante a impressão de ser a origem e a fonte dos dizeres dos quais se apropria.
Estes conceitos vêm ilustrar o objetivo da Análise do Discurso, constituído pela investigação e interpretação do funcionamento discursivo através das determinações impostas pelas condições de sua produção.
Nicolle Casanova

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